As mulheres são as tradicionais cuidadoras e um dos grupos mais afetados pelo desemprego. O facto agrava-se entre mulheres migrantes ou refugiadas. O perfil de cuidadoras pode ser o caminho para a formação e integração profissional destas mulheres.
O projeto Cuidar sem Fronteiras, distinguido pelo Prémio BPI “la Caixa” Solidário, vem transformar em força a fragilidade de dois grupos bem identificados na sociedade portuguesa. Por um lado, os idosos, que cada vez mais precisam de cuidados residenciais, em especial no contexto atual de pandemia. Por outro lado, as mulheres migrantes ou refugiadas, com grande dificuldade em conseguir uma integração plena, só possível se tiverem um posto de trabalho.
Com o Cuidar sem Fronteiras, a JRS Portugal, promotora do projeto, foca-se na formação destas mulheres em situação muito vulnerável, em idade ativa, com filhos a cargo e sem rede de suporte, desempregadas e com poucas competências pessoais, sociais e profissionais.
O objetivo é dar-lhes suporte profissional na área dos cuidados a idosos e paliativos. Esta pode ser uma resposta importante para as famílias portuguesas, que lutam com a dificuldade de prestar bons cuidados aos seus idosos ou familiares com doença avançada.
As mulheres migrantes e refugiadas vão frequentar cursos de formação técnica nessas áreas, ao mesmo tempo que são acompanhadas pela instituição no desenho de um projeto de vida no nosso país. Depois de formadas, as novas cuidadoras são acompanhadas por uma enfermeira especializada, no processo de integração profissional.
Mais do que ninguém, estas mulheres, mesmo sem formação, conhecem o significado de cuidar. Porque de um modo geral as mulheres continuam a ser as cuidadoras por excelência e porque, neste caso, são mulheres e mães que trazem uma vivência particular: muitas viveram graves problemas de proteção da família nos países de origem.
Cuidar e proteger é tudo o que têm feito até agora. Só lhes faltam as ferramentas técnicas.