O acolhimento de crianças e jovens em situação de risco em casas residenciais é apenas o primeiro passo de um processo que só termina anos mais tarde, com a autonomia e a integração na vida em sociedade. Para ser bem-sucedida, essa conquista final precisa de muita preparação.
Para cada criança e jovem há um projeto de vida, um plano de desenvolvimento de competências, formação académica e profissional e apoio na saúde mental.
No momento em que crianças e jovens em situação de risco entram num dos oito lares residenciais da Associação Novo Futuro, em Oeiras, inicia-se um caminho que tem como destino a sua integração plena como jovens adultos, preparados para uma vida autónoma e equilibrada.
O projeto SobreSair, um dos vencedores do Prémio BPI “la Caixa” Solidário, inclui três fases distintas de trabalho com os jovens, para uma saída bem-sucedida.
As equipas técnicas e educativas especializadas da associação garantem o suporte necessário a este processo ao longo de quatro anos.
Numa primeira fase, quando os jovens atingem os 16 anos de idade, os técnicos começam a preparar a transição entre o acolhimento e a saída da instituição. Além de apoio emocional, é prestado aos jovens aconselhamento na definição de caminhos possíveis para seguirem depois de atingirem a maioridade. Conhecer as alternativas permite-lhes tomar uma decisão, coerente com as suas expectativas e capacidades. Depois de aderirem formalmente a um projeto de autonomia, os jovens iniciam um trabalho de desenvolvimento de competências essenciais à sua concretização, com atividades formativas que suportam a saída.
A segunda fase inicia-se um mês antes da saída do lar residencial e tem como objetivo planear a autonomia. Passa por suporte emocional e psicológico, essencial na antecipação de um momento tão importante como este, por orientação e treino em assuntos da vida diária, como a saúde e a gestão doméstica e financeira., e por apoio na procura de habitação e emprego. Esta é também a altura em que os jovens recebem um Kit de Saída, que inclui, por exemplo, as primeiras rendas, um enxoval e um cabaz alimentar.
A terceira e última fase do projeto SobreSair da Associação Novo Futuro começa no momento da saída dos jovens e só termina vinte e quatro meses depois. Ao longo de dois anos, mantém-se o acompanhamento pelos técnicos, para uma avaliação próxima do programa de autonomia.
Nos primeiros 6 meses esse acompanhamento é semanal, passa a quinzenal até aos 12 meses, e depois mensal no segundo ano de concretização.
A cada seis meses é feita também uma avaliação para ajustar as medidas de apoio de acordo com as necessidades dos jovens em cada caso.